Os anos*


Entram como animais vindos
Do espaço de azevinho onde os espinhos
Não são os pensamentos que eu ateio, como um praticante de Ioga,
Mas apenas, o verde, pura escuridão
Nela gelam e são.

Ó meu Deus, não sou como tu
Na tua vaga obscuridade,
As estrelas coladas por todo o lado, estúpidos confeitos brilhantes.
A eternidade aborrece-me,
Eu nunca a quis.

Do que eu gosto
E do pistão em movimento -
A minha alma morre só de o ver.
E os cascos dos cavalos,
Esse desapiedado ruído de cascos no chão.

E tu, Estase maior -
O que há de importante nisso?
Será um tigre este ano, este rugido ao pé da porta?
É o de um Christius,
O terrível

Freio de Deus nele
Morto por voar e acabar assim?
As bagas do sangue são elas mesmas, estão muito quietas.

Os cascos não vão ter,
Na distância do azul, os pistões assobiam.

* Sylvia Plath

Tradução de Maria Fernanda Borges

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