Relendo....


Quando virá a prometida 'nova novela'?

Seguem trechos de Anantha*:

'Escrevo quando o sol desaparece, ou logo após surgir, anunciando ao mundo novos pavores e delírios. Nestas horas, esqueço a saudade dorida, e, revivendo o amor, vivo.

Cabelo e barba, contudo, crescem assustadoramente. As noites passam brancas, povoadas de torrencial insônia e entrecortado sono. Penso, certas horas, que morri — notadamente quando Anantha evoca-me a imagem do rapaz com a flauta acompanhando os versos finais do poema da menina sardenta. Sonhos entrecortados. Repetidos. Um, em especial, surge, desenovela-se, e, indo-se e retornando nova vez, embaralha-se, confundindo-me. Geralmente é elaborado em noites chuvosas, de escassas estrelas, noites infestadas de ruídos, grilos e cães que uivam, lamuriosos. Luz opaca, amarela, na rua; sombras dos edifícios vermelhos. Gatos enfiados em touceiras de dálias. Som de sirenes num crescendo. Dois ou três veículos velozes, rumando para a cadeia, toda noite, carregando homens que perdem o sabor da chuva, o odor dos gravetos molhados e a ternura das folhas já não mais secas.'

*trecho do VII capítulo da novela Anantha (novela que escri há quatro anos).

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