Autoexílio


Esta a opinião do poeta Avelino Moreira, por e-mail, sobre suposto autoexílio deste blogueiro:

"Pensei no autoexílio, sim.Como o do Gonçalves Dias, vivendo em terras "portugas", especialmente quando ele expressa esse sentimento no poema Canção do Exílio, mas achei piegas citá-lo. Mas para o poeta, por mais moderno/racional que seja, os momentos mais difíceis são oportunidades para transformar dificuldades em sentimentos sublimes, em forma de arte, grandeza maior da cultura humana.
Imagina você que na Antiguidade o bardo Homero escreveu as obras-primas Ilíada e Odisséia, perambulando de cidade em cidade, da polis grega. Na Idade Média Dante escreveu sua obra-prima refugiado. Um pouco mais tarde, Camões, possivelmente, escreveu Os Lusíadas na China, provavelmente em Macau. Tempos depois Shakespeare escreveria obras monumentais, vivendo mambembamente, produzindo peças que não custearia a própria manutenção.

Além de Gonçalves Dias, me lembro, também, de Gullar, de que você, aliás, também tanto gosta, que escreveu um dos seus melhores poemas, o Poema Sujo, exilado na Argentina, em data recente!

Essa é a História, amigo. Os poetas têm uma espécie de missão, de, fazendo um trocadilho com o verso da Cora Coralina (outra 'exilada'), apreender o que vive, transferindo o que aprendeu, de forma monumental!

Mas nem todo exílio é, necessariamente, eterno. Lembras da canção do 'careta' Roberto Carlos, Debaixo dos caracóis dos teus cabelos, escrita quando da visita do 'Rei' ao exilado Caetano na Inglaterra?..."

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