Margarida Maria Alves



No Dia Internacional de todas as Mulheres, este blog enaltece Margarida Maria Alves, líder sindical rural da Paraíba, brutalmente assassinada por latifundiários grileiros, em 1983. Até hoje os assassinos não foram punidos.

"Prefiro morrer na luta do que morrer de fome."

Nasceu em 5 de agosto de 1933, na cidade de Alagoa Grande, na Paraíba. Em 1973 foi eleita presidente do Sindicato de Alagoa Grande, primeira mulher a ocupar um cargo deste no Estado. Durante 12 anos à frente do sindicato, foram movidas mais de 600 ações trabalhistas contra usineiros e senhores de engenho da região da Paraíba. Foi uma das fundadoras do Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural, cuja finalidade é, até hoje, contribuir no processo de construção de um modelo de desenvolvimento rural e urbano sustentável, a partir do fortalecimento da agricultura familiar. Margarida lutava pela defesa dos direitos do homem do campo, pelo décimo terceiro salário, o registro em carteira, a jornada de oito horas e as férias obrigatórias. Com o surgimento do Plano Nacional de Reforma Agrária, os latifundiários intensificaram a violência no campo. No dia 12 de agosto de 1983, aos 50 anos, e na frente do filho e do marido, Margarida foi assassinada na porta de sua casa com um tiro de espingarda calibre 12 no rosto. O tiro foi disparado por um homem encapuzado que fugiu em um Opala vermelho onde outras duas pessoas o esperavam. Na época de sua morte, Margarida movia 72 ações trabalhistas contra fazendeiros. Os mandantes faziam parte do “Grupo da Várzea”, composto por 60 fazendeiros, 3 deputados e 50 prefeitos. O delegado da região identifica o criminoso mas não consegue prendê-lo. Entre os autores do crime estavam o soldado da PM Betaneo Carneiro dos Santos, os irmãos e pistoleiros Amauri José do Rego e Amaro José do Rego, e Biu Genésio, motorista do veículo utilizado no crime e morto em janeiro de 1986 como “queima de arquivo”. Agnaldo Veloso Borges, José Buarque de Gusmão e Antônio Carlos Coutinho Regis também estavam envolvidos em conflitos na região. Em 1984 foi lançado o filme “Margarida Sempreviva” pelo Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural, CENTRU, e PL Produções Visuais Ltda, de Recife. Em julho de 1988 o pecuarista Antônio Carlos Coutinho Reis foi absolvido da acusação durante julgamento. Um novo inquérito foi instaurado, mas entre indas e vindas da Justiça, os julgamentos foram sendo adiados sucessivamente. Durante esses anos, alguns dos acusados morreram, outros foram presos por outros crimes e no caso de Margarida, a impunidade foi mais forte. Mas a sua luta continua sendo referência e o dia 12 de agosto, dia em que foi assassinada, se tornou o “Dia Nacional de Luta contra a Violência no Campo e pela Reforma Agrária”.

Fonte da biografia: Comissão Pastoral da Terra (CPT)

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