Borboletas e falenas flutuam nas ondas


Parece que Virginia Woolf ficou fascinada pelas falenas depois de ler uma carta da sua irmã Vanessa onde esta dizia: «a dança louca das falenas à volta da lâmpada, ao meu redor». Esse fascínio foi tão forte que ela começou a forjar uma novela a que iria chamar «As falenas». Quando terminou a obra, intitulou-a, afinal, «As Ondas».

As borboletas dançam nos primeiros dois tempos da novela, ao despertar do dia e durante as descobertas da infância. As crianças caçam as borboletas que poisam nas flores, assim varrendo a superfície do mundo. Elas enchem as redes de asas esvoaçantes. As palavras lembram, aqui, uma pintura colorida uma música alegre ou uma dança divertida.
Rhoda é diferente, os seu olhos "assemelham-se áquelas flores pálidas, onde as borboletas nocturnas vêm poisar".
Bernard começa a coleccionar frases e quando olha para o sol poisado no parapeito da janela, escreve na letra B: "Pó de borboleta".
Os outro míudos, os gabarolas, os jogadores de críquete, os funcionários da Natural History Society, esses arrancam as asas às borboletas...

Depois, o sol começa a descer e no lusco-fusco surgem as falenas que povoam as noites e procuram a luz dos candeeiros, entontecidas. "Durante alguns instantes, tudo estremeceu e se curvou devido à incerteza e à ambiguidade, como se uma grande borboleta nocturna que percorresse a sala tivesse ocultado com as asas a enorme solidez das cadeiras e das mesas".
Na maturidade, Bernard, ao descrever o velho impulso que sempre o moveu, parece descrever os movimentos duma mariposa:" o de me deixar vogar ao som das vozes dos outros entoando a mesma melodia; o de ser atirado para cima e para baixo de acordo com uma alegria, um sentimento, um triunfo e um desejo quase que despojados de sentido".

ATL

no blog Leitura Compartilhada

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Como a madrugada produz incêndios!

FUNDAMENTAL: Chomsky debulha a manipulação dos meios

Auroras