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Mostrando postagens de junho, 2008

Fluxo de consciência

A técnica do fluxo de consciência, na qual o monólogo interior do personagem-narrador dá a palavra à manifestação direta do pensamento, foi originalmente adotada por Edouard Dujardin no romance "Les Lauriers Sont Coupés", logo depois reverberada em Joyce e retrabalhada em "Ulisses", romance de formação que a projetou definitivamente como uma técnica marcante na evolução da literatura universal, influenciando escritores modernos como Virginia Woolf, Faulkner, Broch e, no Brasil, Clarice Lispector e João Guimarães Rosa. Apresentação da comunidade Fluxo de consciência

Ayaan Hirsi Ali

Nascida na Somália, Ayaan viveu exilada na Arábia Saudita, Etiópia e Quênia e fugiu para a Holanda quando foi obrigada pelo pai a se casar com um primo que morava no Canadá. Na Europa, ajudou a produzir um documentário sobre a situação das mulheres muçulmanas e foi ameaçada de morte por radicais muçulmanos. Ayaan Hirsi Ali se formou em ciências políticas e elegeu-se deputada da Câmara Baixa do Parlamento, onde ficou de janeiro de 2003 a maio de 2006. Deixou o país no final de 2006, após perder o cargo e a cidadania holandesa, acusada de mentir ao solicitar asilo. Atualmente vive em Washington, nos Estados Unidos. No livro autobiográfico "Infiel, a história da mulher que desafiou o Islã", de 2007, Ayaan Hirsi Ali conta a sua trajetória. Neste ano, ela lança o livro "A Virgem na Jaula: um apelo à razão", onde retrata a experiência adquirida com a proximidade que manteve com famílias muçulmanas, que, mesmo no ocidente, mantêm os costumes de seus países de origem. Para

Os anos*

Entram como animais vindos Do espaço de azevinho onde os espinhos Não são os pensamentos que eu ateio, como um praticante de Ioga, Mas apenas, o verde, pura escuridão Nela gelam e são. Ó meu Deus, não sou como tu Na tua vaga obscuridade, As estrelas coladas por todo o lado, estúpidos confeitos brilhantes. A eternidade aborrece-me, Eu nunca a quis. Do que eu gosto E do pistão em movimento - A minha alma morre só de o ver. E os cascos dos cavalos, Esse desapiedado ruído de cascos no chão. E tu, Estase maior - O que há de importante nisso? Será um tigre este ano, este rugido ao pé da porta? É o de um Christius, O terrível Freio de Deus nele Morto por voar e acabar assim? As bagas do sangue são elas mesmas, estão muito quietas. Os cascos não vão ter, Na distância do azul, os pistões assobiam. * Sylvia Plath Tradução de Maria Fernanda Borges

Quase hai indica: Luis Buñuel

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Diretor espanhol de cinema. Seu modo de entender a sétima arte vem de seu interesse pela poesia de vanguarda (criacionismo e ultraísmo). As raízes de seu humor abrupto e chocante, de sua análise minuciosa, quase compulsiva, da moral e da repressão burguesas, de sua obsessão pela religião, pelo erotismo, pela morte e pelas misérias humanas devem ser buscadas no melhor realismo espanhol. Filiando-se ao surrealismo, chamou Dalí para escrever o roteiro de Un chien andalou (1929), ao qual se seguiria L” age d” or (1930), considerado outra obra-prima do cinema de vanguarda. Em 1947, foi para o México, onde alternaria seus filmes denominados de sobrevivência com obras realmente pessoais. Entre seus numerosos trabalhos (quase todos produzidos na França) destacam-se: Os esquecidos (1950), Escravas do rancor (1953), Ensayo de un crimen (1955), Nazarin (1958), Viridiana (1961, ambos premiados com a Palma de Ouro em Cannes); O anjo exterminador (1962), Simão do deserto (1965), A bela da tarde (196

Como a madrugada produz incêndios!

a noite e o silêncio dela os homens dormem e gira o planeta o canavial: acalenta-lhe o orvalho as cidades do interior paradas no tempo? shoppings nas capitais apregoam: o capital não matará o dióxido, nunca! a música o livro o sono como a madrugada produz incêndios! (alheia aos movimentos dos que amanhã serão chefes/ de executivos municipais, e amealharão os pálidos recursos do erário,/ e à mais absconsa e putrefata merda mandarão o povo, que estará, então,/ entregue à própria sorte e ausência de consciência!/ assim atuam os que açoitam, na imundície midiática diária, o presidente operário:/ deletéria indiferença!)

Memórias do Subsolo

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Três comentários sobre Memórias do Subsolo , de F. M. Dostoievski: Um achado fortuito numa livraria: Memórias do Subsolo de Dostoiévski(...) A voz do sangue (como denominá-lo de outro modo?) fez-se ouvir de imediato e minha alegria não teve limites" - Nietzsche. "Ela não pode ser recomendada àqueles que não são bastantes fortes para sobrepujá-la nem bastante inocentes para não se envenenarem. Ela é um veneno forte, sendo preferível deixá-lo intocado" - D. S. Mirsky. "Para mim todo Nietzsche está em Memórias do Subsolo. Neste livro - e até hoje não o sabem ler - se dá para toda a Europa a fundamentação do niilismo e do anarquismo." - Górki.

Um fórum para democratizar a mídia

Acontece neste final de semana na Universidade Federal do Rio de Janeiro o 1º Fórum de Mídia Livre. A iniciativa, que congrega inúmeros setores sociais, desde jornalistas, entidades do movimento social, blogueiros, sites da Internet, está inserida dentro da crescente demanda por mais espaços e pluralidade de conteúdo na mídia nacional. Levantamento dos organizadores estima que cerca de 900 pessoas se inscreveram para participar da atividade, o que mostra a oportunidade do evento e a urgência em se realizar debates acerca de uma questão tão relevante para a sociedade, que majoritariamente vive sob o cerco de uns poucos grupos de comunicação, que impõem quase que livremente uma ditadura midiática sobre o conteúdo que circula em rádios, TV´s, jornais e revistas. A compreensão de que é preciso enfrentar com medidas políticas, legislativas, jurídicas e econômicas a concentração e o abuso do poder dos grandes meios de comunicação exige articulação e ação imediata da sociedade. Historicamente

Com a palavras, Yourcenar

Há livros a que só nos devemos abalançar depois dos quarenta anos. Antes dessa idade corre-se o risco de desconhecer a existência das grandes fronteiras naturais que separam, de pessoa para pessoa, de século para século, a infinita variedade dos seres, ou, pelo contrário, de dar exagerada importância às simples divisões administrativas, às formalidades da alfândega ou às guaritas dos postos armados. Foram-me precisos esses anos para aprender a calcular exactamente as distâncias entre o imperador e eu. Marguerite Yourcenar , Notas sobre As Memórias de Adriano

Borboletas e falenas flutuam nas ondas

Parece que Virginia Woolf ficou fascinada pelas falenas depois de ler uma carta da sua irmã Vanessa onde esta dizia: «a dança louca das falenas à volta da lâmpada, ao meu redor». Esse fascínio foi tão forte que ela começou a forjar uma novela a que iria chamar «As falenas». Quando terminou a obra, intitulou-a, afinal, «As Ondas». As borboletas dançam nos primeiros dois tempos da novela, ao despertar do dia e durante as descobertas da infância. As crianças caçam as borboletas que poisam nas flores, assim varrendo a superfície do mundo. Elas enchem as redes de asas esvoaçantes. As palavras lembram, aqui, uma pintura colorida uma música alegre ou uma dança divertida. Rhoda é diferente, os seu olhos "assemelham-se áquelas flores pálidas, onde as borboletas nocturnas vêm poisar". Bernard começa a coleccionar frases e quando olha para o sol poisado no parapeito da janela, escreve na letra B: "Pó de borboleta". Os outro míudos, os gabarolas, os jogadores de críquete, os fu