Mais da Casa de Letras: Riomar e Almânia



No dia 25/05/2005, às 19:28, postei este estranho conto, até hoje inconcluso, no extinto blogue Casa de Letras:

Riomar e Almânia - CONTO em partes - Parte I

Há um casal septuagenário...

a. Nesta tarde

aluá tapioca
canoas milharal
pássaros periquitos
manga o rio
chuva histórias à meia-noite
conversa no alpendre
Riomar e Almânia
mão-em-mão nada mais que mão-em-mão
e o sorriso largo de poder ver o sorriso da companheira em lindo vestido na tarde boa do sábado novo, após o café que o marido plantara, regara, colhera, guardara, torrara, pilara, peneirara e, por fim, fervera e coara – ofertando-lhe, em xícara nova comprada na Vila, com pires e tudo.

b. Meninos

Riomar e Almânia
Ele menino no princípio do século. Ela menina como uma flor como um algodão como uma libélula como uma índia fosse ela.
Ele menino teve o lume a visão: dele com ela, juntos, velhos, rindo, livres, felizes.
Agora Almânia sabe: criança a gente é toda a vida: dentro da gente: o mesmo contentamento que tinha quando caía na chuva fina, e corria até a ponte para ver Riomar pescar e vê-lo rir-se dela (na verdade ele ria—se de si, de tão feliz, tão cheio da presença pura dela!).

c. Antes do amor e O namoro

Anos depois, Riomar era moreno, mulato. Ela: sardas no rosto e numa das coxas – e por isso ele ficava vermelho quando o vento, sôfrego, deleitoso, espalhava vestido pelo tempo – prá lá, prá cá...
Demorou muito, mas foi num baile, perfumado, que ele a encantou: dançaram linda canção entoada pelo sanfoneiro cego da Vila.

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