Sábado, em Brasília


Não sabe se amanhã passeia no Jardim Botânico. Talvez seja melhor continuar o romance que está pela metade. Mas isso implica ficar em casa. Ou na chácara? Não que lá poderá chover, e terá trabalho com a lama e com o telhado necessitando de reparos. Jardim mesmo. Ver as flores, as copas das velhas árvores. Abelhas. Borboletas, muitas. Pássaros: como compreender esses bichos que voam? Por que voam e são ágeis como beija-flores pré-históricos? Sim, o beija-flor é um passarinho do futuro, dinâmico, serelepe, assaz animado. Mas prefere observar um pardal, um canário, um sabiá, que o malandro beijador de orquídeas e margaridas orvalhadas não faz muito tempo. Prefere o saltito singelo dos outros, quando resvalam a grama com o bico buscando farelos e insetos recém-nascidos, larvas. Quanto ao céu, será dos olhos, das pupilas cansadas da cor soturna da sala burocrática, e das formas geométricas das quadras, das casas -- e das pessoas, que nem se dão conta de que já não são mais donas de si, de seus enlevos e sonhos ao pôr-do-sol.
Jardim Botânico mesmo. Passeio. Pássaros. Borboletas. E o livro.
Ah, sozinho?


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