Formação*: Nar Ciso


Republicando poemas da série Formação...



olho pras águas mornas mortas
vejo os seres que nelas vivem
extasiados com minha imagem.

caminho quatrocentos e quarenta e quatro metros
e estou diante
dum bando de pardais
a catar rijos grãos
num arrozal marrom;
e, natural,
os bichinhos se enfileiram no solo,
um a um, ao tempo em que
vão emitindo pios esquisitos,
que, por fim, compreendo
tratar-se de um hino
a meu ser.

à noite, com o chuvisco,
e enquanto o noroeste bordeja
as mangueiras,
largo-me, à vontade, numa pequena clareira:
as estrelas velam-me:
durmo.
e, se serafins principiam a entoar loas,
wenders já tenciona filmar-me.

Brasília, 27.10.1987

*Fuçando velhos escritos, papéis, folhas de cadernos soltas, em busca de um texto que será motivador do primeiro capítulo da nova Anantha, deparo-me poemas e que tais fabricados aos 18, 19 e 20 anos. Suspeito de fato para dizer da qualidade ou da tristeza dos versos, resolvi, contudo, postar alguns, na série Formação.

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