Da brisa: Desverso*


* poema prosificado acerca de muitas coisas

Que faz a brisa do mar
na tez do homem que beira os quarenta
em cidade estranha?

Qual o nome do fenômeno que resulta em frios internos
e calores e levezas
e pusilanimidades (ai, Cecília, que coisa essa palavra!)?

(Nâo me venha com bílis ou sifílis, oxente!)

Qual a mecânica do remover coisas e sentimentos e ais e sonhos e promessas e amores e ver moças em flor e mulheres belissimamente maduras em sorrisos abissais e o ver e namorar a têmpora (ora soturna ora apocalíptica ora rebentando em tempestades de amor luz e dor) da lua enormemente posta no firmamento de um céu ancestral num mundo largado ao deus-dará ao léu e, ao ouvir gil, considerar que ele aos sessenta canta bem demais (eu escrevi bem pra porra mas risquei, no original, pois talvez meia dúzia que me lessem assim, torceriam o nariz bem assim, ó!)?

(Não se avexe, que solidéu não é rima para arpéu, nem diz do torpor da solitude, não!)

Odores de mar!

Mulher, ilhéus em nós mesmos?

Portanto, eis a desrazão do lascar-se na pedra do reino do álcool -
coisa que estamos a rechaçar, com certa veemência, diga-se!

E construído resta o quase-poema prosificado.

Se Ana titulou a história Desmundo: intitulo tais desvarios como Desverso do grito
na lâmina da arte que arde, sim, na tarde que posterga um mundo em crise!

desVerso!
palavras saltitam no bailéu!

E como que agora rememoro Nhô Augusto:
"Eh mundo velho de bambaruê e bambaruá!... Eh ferragem!..."

(Na verdade, o homem-Rosa cáustica falou, no torpor da pré-morte de Matraga:

Que o homem das Pindaíbas "fechou um pouco os olhos";

Que o homem do Saco da Embira tinha um "sorriso intenso nos lábios lambuzados de sangue";

E o homem-Rosa, por fim, declarou perante um notário onipresente:

Que, de seu rosto, "subiu um sagaz contentamento!")

Aracaju, numa tarde que promete irromper a noite, em desvarios de vesperais árabes e sóis inóspitos

Comentários

Anônimo disse…
pai....
mto bonito poema, palavras bonitas...

te admiro mtoo

beso grande!!!

;********
Leo Lobos disse…
mis saludos afectuosos desde Santiago de Chile

Leo Lobos
Janice Diniz disse…
Obrigada por ter lido Aranhas Vermelhas e pela visita ao meu blogue. Gostei muito do teu e voltarei outras vezes.


Em tempo: a Veja, realmente, é um lixo!


Abraço!

Postagens mais visitadas deste blog

Como a madrugada produz incêndios!

FUNDAMENTAL: Chomsky debulha a manipulação dos meios

Auroras