a chuva


já fui de chorar com a chuva
que evoca dias antigos:
o banho nela
o prazer e o espanto dos pés metidos nas cascatas
na porta de casa
(praça castro alves!)

já fui de lembrar chuvas senis:
no inverno tenras nuvens suscitam
o que não mais palpitava no coração

já fui de sofrer a chuva nova
o clima terno
o frio
a retirada da velha blusa do armário
o café quente
a vontade de dormir

já fui de esperar a chuva
na ausência do calor de quem gosto
a chuva trazia sempre rala alegria
essa desconhecida
outrora evidente nos cabelos de fogo dela

sim, já fui de amar a chuva

hoje não mais
apenas o ruído de carros afastando águas
na rua molhada
e a sempiterna e mansa aflição
que me sustém por estes dias globalizados na periferia do mundo


19.01.03

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