"Estou convencido de que os livros são tão vivos e tão vigorosamente fecundos quanto aqueles dentes de dragão da fábula" John Milton (1608-1678), poeta, orador e político inglês
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Alvim, inédito
Edilson Rodrigues/CB/D.A Press - 23/7/03 | | | |
Com a generosidade que lhe é habitual, o poeta Francisco Alvim aceitou o convite para mostrar inéditos na coluna, que se enche de orgulho com isso. Da nova safra, confiram o que Chico intitulou como "Dois poemas e um comentário":
SEU IMPRESTÁVEL para Vilma
– Mando amanhã – Não quero mais
UM CHURRASCO
Não foi desmarcado
Ela já estava muito velhinha e muito doentinha
SONDERKOMMANDO
É tudo uma questão de hábito, de costume
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Tezza e Terron
Tempo de polêmicas, proibições. O governo de Santa Catarina recolheu 130 mil exemplares do livro Aventuras provisórias, de Cristóvão Tezza, que deveriam ser distribuídos a estudantes do ensino médio. Motivo: professores ficaram chocados com partes do romance, que tem palavrão e sexo. Mas por que escolheram a obra, afinal?
Já o poema "Manual de autoajuda para supervilões" foi parar na manchete principal do jornal Agora São Paulo: "Livro entregue à 3ª série sugere estupro e drogas". Fora a leitura bastante reducionista do texto de Joca Reiners Terron, a pergunta retorna: mas, afinal, por que escolheram a obra para ser lida por crianças?
É tudo uma questão de leitura, com diversas hipóteses. Os responsáveis pelas escolhas não leram direito ou, no caso do romance de Tezza, não imaginavam o tamanho do conservadorismo lá na ponta. No poema de Terron, erraram o público-alvo mesmo. Ainda assim, ler o texto em chave direta e realista é de um equívoco supremo. Os professores não parecem mesmo preparados para ler junto com os alunos, que são menos inocentes do que se imagina.
O lado positivo das histórias: a indiferença em relação à literatura não é tão indiferente assim. Quando a gente acreditava que ela andava morta, ressuscita para incomodar. E essa é uma de suas nobres funções: tirar o receptor da apatia, do conformismo. Literatura serve para sacudir o coreto. Mas sem brincar com o dinheiro público. O governo catarinense gastou pouco mais de R$ 1,5 milhão com o romance de Tezza. Agora, distribui o volume a quem aceitar de bom grado.
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SP
O Prêmio São Paulo de Literatura, destinado apenas a romances, divulgou as duas listas dos finalistas com o que foi considerado o melhor do ano de 2008 e que concorrem a R$ 200 mil, em cada categoria.
Se fizermos uma comparação com os 50 primeiros finalistas do Portugal Telecom (que mistura gêneros, é bom frisar), temos a coincidência de oito títulos entre os não estreantes (Lívia Garcia-Roza e Walther Moreira Santos não estão no PT) e apenas um entre os estreantes (Contardo Calligaris, coincidentemente o único autor da Companhia das Letras). No gênero romance, a lista do PT traz dois estreantes (Evando Nascimento e Rodrigo de Souza Leão) que não estão no SP. Primeira conclusão óbvia: é mais difícil haver consenso quando o nome do autor ainda não se estabeleceu no imaginário do leitor, quando a assinatura ainda não significa mais do que a obra em si.
Os não estreantes 1) Galiléia, de Ronaldo Correia de Brito (Objetiva). 2) Milamor, de Lívia Garcia-Roza (Record). 3) Órfãos do Eldorado, de Milton Hatoum (Companhia das Letras). 4) O livro dos nomes, de Maria Esther Maciel (Companhia das Letras). 5) Acenos e afagos, de João Gilberto Noll (Record). 6) Flores azuis, de Carola Saavedra (Companhia das Letras). 7) Heranças, de Silviano Santiago (Rocco). 8) O ciclista, de Walther Moreira Santos (Autêntica Editora). 9) A viagem do elefante, de José Saramago (Companhia das Letras). 10) Manual da paixão solitária, de Moacyr Scliar (Companhia das Letras).
Os estreantes 1) A parede no escuro, de Altair Martins (Record). 2) O conto do amor, de Contardo Calligaris (Companhia das Letras). 3) Nunca o nome do menino, de Estevão Azevedo (Terceiro Nome). 4) O arroz de Palma, de Francisco Azevedo (Record). 5) Imóbile, de Javier Arancibia Contreras (7Letras). 6) Peixe morto, de Marcus Vinicius de Freitas (Autêntica Editora). 7) O mundo segundo Laura Ni, de Maria Cecília Gomes dos Reis (Editora 34). 8) Rita no pomar, de Rinaldo Fernandes (7Letras). 9) Zé, Mizé, camarada André, de Sérgio Guimarães (Record). 10) O verão do Chibo, de Vanessa Barbara e Emilio Fraia (Objetiva).
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Camões
Este ano, o prêmio dos governos do Brasil e de Portugal foi para o poeta cabo-verdiano Arménio Vieira (1941), que recebe 100 mil euros. Salvo engano, não temos nada dele publicado no Brasil. |
* Fonte: Correio Braziliense
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