Le Figaro e a guerra mídia x Lula


Por Pablo Simpson

Caro Nassif,

Saiu um texto sobre Lula no Figaro, jornal mais da direita francesa. Nele, o diagnóstico sobre nossa imprensa (os conflitos com o governo, a perda de credibilidade e de tiragem, etc) embora curto, é preciso. Envio-o em tradução que fiz rápido.

A fonte está aqui: clique aqui.

Lula, novo editorialista dos jornais brasileiros,

Lamia Oualalou - Figaro 20/07/2009

Os rumores mais disparatados correm sobre o futuro de Luiz Ignácio Lula da Silva. O presidente brasileiro, que goza de uma popularidade de mais de 80% em seu país, não pode se reapresentar às eleições em outubro de 2010. No Brasil, os eleitos não permanecem no posto mais de dois mandatos consecutivos. Diplomatas asseguram que ele estará à frente do Banco Mundial, tornando-se o primeiro não-americano a ocupar o posto. Outros já resolveram: ele será o próximo secretário geral da Organização das Nações Unidas, uma vez que não é certo que o coreano Ban Ki-moon se reengaje num segundo mandato. Enquanto isso, Lula abraçou uma carreira paralela, a de "super-editorialista" da imprensa popular brasileira.

Desde 7 de julho, o ex-trabalhador metalúrgico responde, cada terça-feira, a três questões de leitores sobre a gestão do país ou as condições de vida. Em torno de 115 jornais populares pediram para serem associados à operação. Distribuídos por 85 cidades, eles encaminham as questões de seus leitores e põem no papel as respostas como quiserem. Mas o texto final deve ser publicado integralmente, sem retoques. O título da coluna é igualmente imposto: "O Presidente responde".

No último artigo publicado, João Paulo Passos, de 27 anos, interpela o chefe de Estado quanto à alta da carga tributária. Lula responde alternando pedagogia e paternalismo. Explica que a carga fiscal brasileira é "muito inferior a de países como a Bélgica, a Suécia e a Dinamarca, admirados pelos benefícios sociais que concedem". Conclui que "os impostos servem para financiar os programas que geram o crescimento, o emprego e a inclusão social".

O primeiro mandato de Lula (2003-2007) foi marcado pelas relações bem delicadas com os grandes jornais do país. A maioria deles adotou a causa da oposição carente de líderes, notadamente às vésperas da eleição de 2006. Sem jeito, Lula evitava o quanto podia dar entrevistas e coletivas de imprensa. "Isso mudou no segundo mandato, Lula fala, mas se concentra na imprensa popular e regional", explica seu ministro da Comunicação, Franklin Martins.

Essa escolha parte da constatação de que a "grande imprensa" está em queda livre. Seus principais expoentes, o Estado de São Paulo, a Folha de São Paulo e O Globo no Rio de Janeiro perderam, respectivamente, 16,93%, 10,84% e 7,75% da tiragem entre abril de 2008 e 2009. A Folha, que vendia 430.000 exemplares em 2000, distribui hoje menos de 290.000. "Esses jornais circulam cada vez menos no seio de uma elite bastante reduzida", analisa Venício Lima, professor de comunicação na Universidade de Brasília.

Os jornais populares e regionais vão, em contrapartida, de vento em popa. Aproveitam-se da alta dos salários e do nível de educação registrado nesses últimos anos. Mesmo nas mãos de caciques pouco favoráveis ao governo, levam à frente sua política e suas declarações, pois Lula faz vender papel. Para Israel Bayma, consultor da Câmara dos Deputados em Brasília, o alcance dessa mudança de rumo permanece no entanto limitado : "Na televisão e na rádio, Lula não fez nada para atacar os monopólios. Quantas pessoas lêem jornais nesse país?" Reconhece, contudo, que a medida deverá beneficiar Dilma Roussef, a herdeira de Lula. "Isso vai lhe permitir fazê-la conhecida dos movimentos sociais em todo o país", continua. Os leitores ainda não perguntaram nada sobre isso.

Fonte: Blog do Luis Nassif

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Como a madrugada produz incêndios!

FUNDAMENTAL: Chomsky debulha a manipulação dos meios

Auroras