L2 - Livros & leituras*


Sérgio de Sá
sergio.sa@terra.com.br

“Os prêmios literários são parte do fenômeno multiplex da promoção de livros dos dias de hoje”
J.M. Coetzee (1940), escritor sul-africano

Verdades literárias
Ruy Baron/Divulgação

Luiz Vilela escreveu que a obra tem força, invenção e beleza. Disse mais: merece “chegar às mãos de todos os que amam a boa literatura”. Flávio Carneiro ressaltou a inovação no trato da forma curta. A estreia do jornalista Sergio Leo (foto) na ficção vem referendada pelo primeiro lugar no Prêmio Sesc de Literatura 2008, que tem revelado novos e bons escritores a partir da leitura cuidadosa de um júri qualificado. O livro de contos Mentiras do Rio será lançado na próxima terça-feira, 4 de agosto, a partir das 20h, na Livraria Cultura (CasaPark). São 12 histórias alinhavadas por ilustrações de Rubem Grilo. O título não esconde: Sergio nasceu no Rio de Janeiro. Mas vive em Brasília, onde atualmente é repórter especial e colunista do jornal Valor Econômico. Ele também mantém um interessante blog: verdeatblogs.org/sergioleo.

Em inglês

O prêmio Man Booker – bastante importante no mundo de língua inglesa – anunciou na última terça sua “lista longa” com 13 títulos. O páreo está acirrado: ninguém menos que J.M. Coetzee (Prêmio Nobel de 2003; na frase do alto da coluna de hoje) e também A.S. Byatt, Colm Tóibín, Hillary Mantel e Sarah Waters, entre outros menos conhecidos por aqui. Coetzee concorre pelo romance Summertime, que ainda nem chegou às livrarias internacionais. Sairá quando entrar em setembro, assim que o verão europeu estiver se despedindo.

Um dos romances finalistas, Heliopolis, de James Scudamore, situa a narrativa numa cidade futurística brasileira. Diz o resumo apresentado pela editora Random House: “Nascido numa favela de São Paulo, Ludo passa por uma notável transformação. Comandado por forças além do seu controle, ele primeiro deixa e depois retorna para a imensa cidade onde nasceu – mas no lado oposto da divisão social”. O mote está dado: pobres versus ricos. O autor, de 33 anos, viveu parte da infância no Brasil.

Importância da literatura

Circula por e-mail o convite e está no endereço www.brasilliterario.org.br a possibilidade de adesão ao Manifesto por um Brasil Literário, de autoria do escritor Bartolomeu Campos de Queirós. A ideia foi lançada durante a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). “O documento pretende ampliar o debate em torno da importância da leitura de livros de literatura, acolher propostas e engajar o maior número de pessoas em torno desta causa.” Por enquanto, mil assinaturas.

Em Sampa

O Prêmio São Paulo de Literatura anuncia seus dois vencedores (Melhor Livro do Ano de 2008 e Melhor Livro de Autor Estreante do Ano de 2008) na próxima terça-feira. O vencedor de cada categoria leva R$ 200 mil. É o maior prêmio literário individual dado no país. Concorreram inicialmente 217 romances de 75 editoras e 13 autores independentes. Os finalistas são 20, entre estreantes e autores, digamos, mais manjados.

Em cena

Atenção, leitoras e leitores. A literatura sobe ao palco duas vezes este fim de semana. No CCBB, últimos dois dias para ver Beth Goulart em Simplesmente eu. Clarice Lispector. Na Caixa, o diretor Felipe Hirsch recria a obra de Dalton Trevisan em Educação sentimental do vampiro. Se o monólogo dirigido e estrelado por Goulart fez a estreia na cidade (com sucesso), o espetáculo da Sutil Companhia de Teatro chega carregado de prêmios. Clarice e Dalton, quem diria, desfiam suas angústias e tormentos bancados por instituições financeiras públicas.

Clarice também chegou de novo ao cinema (não nos esquecemos de A hora da estrela) com a adaptação do livro de entrevistas De corpo inteiro. No elenco, a própria Beth Goulart e ainda Letícia Spiller, Louise Cardoso e Aracy Balabanian. A direção é de Nicole Algranti.

Historiador

Leio no Radar Libros, do jornal argentino Página 12, que o filho do escritor mexicano Juan Rulfo (1917-1986), Juan Francisco, surpreendeu a audiência do 53º Congresso Internacional de Americanistas, na Cidade do México, ao revelar que o pai se interessava mesmo era por história: “Na sua biblioteca pessoal (composta por nada menos do que 15 mil livros), figuram exemplares que foram relevantes para ele; cada vez que nela entro, me encontro com um silêncio que avassala e um conhecimento inalcançável. Mas a maioria são livros de história: 3,5 mil, quer dizer, 25% do total da biblioteca”. Juan Rulfo escreveu dois livros de ficção que abalaram as estruturas (históricas) da literatura latino-americana: Pedro Paramo e Chão em chamas.

Agenda

Lourenço Dutra lança Taxímetro sentimental e Um dia de praia em Goiânia (ambos LGE), na próxima quinta-feira, 6 de agosto, a partir das 19h30, no T-Bone (312 Norte).

*Fonte: Pensar - Correio Braziliense, 01.08.09

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