Diadorim



Sabe-se que Guimarães Rosa deixou para as páginas finais do Grande Sertão a resolução da inquietação de Riobaldo.

A descoberta (a luz), na tragédia: Diadorim era mulher (na minissérie da TV, a estonteante Bruna Lombardi). Mas morrera em combate.

Segue trecho da narrativa rosena densísssima e poeticamente bela:

"E, aquilo forte que ele sentia, ia se pegando em mim – mas não como ódio, mais em mim virando tristeza. Enquanto os dois monstros vivessem, simples Diadorim tanto não vivia. Até que
viesse a poder vingar o histórico de seu pai, ele tresvariava. Durante que estávamos assim fora de marcha em rota, tempo de descanso, em que eu mais amizade queria, Diadorim só falava
nos extremos do assunto. Matar, matar, sangue manda sangue. Assim nós dois esperávamos ali, nas cabeceiras da noite, junto em junto. Calados. Me alembro, ah. Os sapos. Sapo tirava saco
de sua voz, vozes de osga, idosas. Eu olhava para a beira do rego. A ramagem toda do agrião – o senhor conhece – às horas dá de si uma luz, nessas escuridões: folha a folha, um fosforém – agrião acende de si, feito eletricidade. E eu tinha medo. Medo em alma."

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Como a madrugada produz incêndios!

FUNDAMENTAL: Chomsky debulha a manipulação dos meios

Auroras