Crítica e profecia

Postado na comunidade Mikhail Bakhtin, no Orkut, da qual sou coordenador:

Fórum para discussão de "Crítica e profecia - A filosofia da religião em Dostoiévski", de Luiz Felipe Pondé (Ed. 34, 2003).

Nota: há interessante capítulo sobre a polifonia em FMD (ou Dostoiévski, ou, simplesmente, D.); seguem excertos desse capítulo:

"A base do ceticismo, conforme a obra de Sexto Empírico sobre PIrro, é a produção simétrica de um argumento de mesmo valor e oposto a outro, produzido anteriormente, com objetivo de destruí-lo. Bakhtin aponta para o fato de que a raiz desse ceticismo está na sofística, nos diálogos socráticos, ou seja, que Sócrates ou Platão já haviam tentado aproximar-se da ideia de vozes equipolentes, muito antes de D., mas apenas este conseguiu de fato realizar essa poética de forma tão bem-feita."

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"Nessa medida, D. não é o so um autor que fala da mística ortodoxa: ele é um autor que está inserido no seculo XIX (século da dúvida religiosa), bem como na ideia de que o ser humano é absolutamente polifônico, contraditório, controverso. Essa controvérsia, constante, essa contradição, essa polifonia, essa incapacidade de estabelecer uma síntese, representam a Providencia divina."

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"Para D., a linguagem que se pensa como objetivamente é absolutamente miserável. Então, na realidade, a prática linguista que se poderia ser considerada menos miseravel é aquela na qual o indivíduo fale e deixa o outro falar; nunca faz do outro o objeto da sua fala."

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"Assim, não é que D. não fale da perspectiva de Deus ou que ele não possa falar sobre Deus, apenas que, quando a linguagem fala, o faz polifonicamente."

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