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Mostrando postagens de julho, 2009

Rastos no vento

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Tracce nel Vento (Rastos no Vento), pesquisa de Giancarlo Berardi e ilustrações de Ivo Milazzo, são as palavras e escritos dos índios da América. Essa seção foi publicada na primeira série de Ken Parker (jun/1977-mai/1984) e republicada na KP Raccolta (jun/1984-jan/1986) e KP Serie Oro (mai/1989-ago/1994). Foram apenas 18 inserções, mas que deixaram saudades nos fãs de Rifle Comprido, pela simplicidade (e profundidade) de um código moral considerado primitivo. Os versos da série Rastos no Vento eram publicados nas segundas-capas de Ken Parker, em preto e branco. São espécies de quase hais dos povos indígenas dos EUA, valendo-me do neologismo que ousei inventar. São puro néctar. Que publicarei aqui, semanalmente uma pérola a mais, toda sexta-feira, colorizada por um artista goiano, amante dos quadrinhos! (Ficou fantástico o trabalho dele!). (Com auxílio de informações do blog Ken Parker.) Fonte da imagem : Blog Ken Parker, colorizado por Alexandre Mastrella, ilustrador, dono de estúdio

Um pouco de Kerouac

"(...) o que me importava? Eu era um jovem escritor e tudo o que eu queria era cair fora". "(...) prometi seguir na mesma direção tão logo a primavera desabrochasse e os campos de cobrissem de flores". "Quando ele ria todo mundo ria junto". "(...) porque, para mim, pessoas mesmo são os loucos, os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo agora, aqueles que nunca bocejam e jamais falam chavões, mas queimam, queimam, queimam como fabulosos fogos de artifício explodindo como constelações em cujo centro fervilhante - pop! - pode-se ver um brilho azul e intenso até que todos 'aaaaaaah!'. Como é mesmo que eles chamavam esses garotos na Alemanha de Goethe?" "Eu estava curtindo uma temporada fantástica e o mundo inteiro abria-se à minha frente porque eu não tinha sonhos." "Qual é a sua estrada, homem? - a estrada do místico, a estrada do louco, a estrada do arco-íris, a

Os que escreveram

Kafka judeu em Praga. Borges cego na periferia erma de Buenos Aires. Quasímodo: Hermes contra o metálico fascismo. Gogol tecendo luzes n'almas densas. Dickens a descrever o triste olhar de Oliver Twist. Hansen grita a fome tal como Münch ecoara a dor - o grito. Além: Grimm e Andersen que Lobato conheceu por vírgulas Cá: Rosa resvalando garças em várzeas sob pontes Ou vôos de só graça dessas aves. Clarice assustada com o russo dos subterrâneos e da remição Advogada sem lei. Deusa-anjo de Wenders. Leitora densa de de Virginia Woolf. Cecília e o mito do estar só em contemplação de nada. Implodindo Sartre. Osman Raduan Hatoum Antônio Torres e Torres Filho: Tantos e outros nem nomes sem cara mas folhas. Versão de 28/10/2005

Quase hais literários

a. “procuravam os grãos os pássaros e eram improvisadamente de neve”, gritou quasimodo b. e quando a amnésia contaminou a todos da aldeia foi que aureliano buendia teve a idéia descomunal c. utz? e que mais cê fez, chatwin ? pouco... apenas uivei do alto da serra louvo e apaixonado pelos poemas do rimbaud d. rosa, que rosa? flor? não, o rosa, não a rosa. sim, o das veredas tuas....? qual? antes o da filosofança o das palavras-cais e. sim, sim, féodor fora também um subversivo. qual? antes o maior perito em almas humanas de que se tem notícia. é? bom... mas jogador, não é? ele também um humano, um karamazov f. em suma, vim e vejo o surto de riso dessas moçoilas em flor cadê o tal do tempo redescoberto perdido nalguma esquina de swann ou à espera de albertina em sodoma se acha ou evade para gomorra? g. e eis que larga a aurora o sol tórrido na tez do homem só só salinger só pound só o homem

Ken Parker, por Milazzo

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Infância, por Proust

Conservava em mim velhas fantasias, datadas da infância, e nelas todas a ternura que havia em meu coração. Marcel Proust

Rilke no Orkut

04/06/07 - José Os Sonetos a Orfeu Château de Muzot, fevereiro de 1922 04/06/07 - José Rosa - rainha, para os de outrora eras um cálice singelo e desfrutável. Para nós, porém, flor da aurora, és fonte, manancial inesgotável. Vestes sob o manto ricos mantos, criatura que só brilho apresenta; tuas pétalas nuas, no entanto, tanto evitam quanto negam a vestimenta. Há séculos te sinto vibrar em nós com os nomes mais doces; de súbito, glorioso, paira no ar. Não sabemos nomeá-lo. Adivinhação. Cada lembrança é como se fosse uma prece em hora de devoção. Rainer Maria Rilke 07/06/07 - José Em que jardins floridos, tratados com boa mão, em que árvores e flores, despidas com ternura, matura a estranha fruta da consolação? Que pura a achaste no chão de tua penúria. Com a perfeita proporção do fruto tu ficas às vezes muito admirado. A doçura, o sumo sob a pele de veludo, que por verme ou ave avoada jamais foi tocado. Há árvores que são adotadas por anjos, regidas por jardineiros em esmerados arran

Blusa fátua

Costurarei calças pretas com o veludo da minha garganta e uma blusa amarela com três metros de poente. pela Niévski do mundo, como criança grande, andarei, donjuan, com ar de dândi. Que a terra gema em sua mole indolência: "Não viole o verde de as minhas primaveras!" Mostrando os dentes, rirei ao sol com insolência: "No asfalto liso hei de rolar as rimas veras!" Não sei se é porque o céu é azul celeste e a terra, amante, me estende as mãos ardentes que eu faço versos alegres como marionetes e afiados e precisos como palitar dentes! Fêmeas, gamadas em minha carne, e esta garota que me olha com amor de gêmea, cubram-me de sorrisos, que eu, poeta, com flores os bordarei na blusa cor de gema! Vladimir Maiakovski

Beleza, em Feodor Mikhailovitch

Pergunta que fiz na comunidade Mikhail BAKHTIN , que criei para discutir a obra do genial crítico literário russo: Qual a verdadeira extensão do conceito de Beleza, em Dostoievski? "...a preocupação de Dostoievski em afirmar o primado da beleza sobre todas as coisas, em afirmar a necessidade absoluta de sua existência; ela é fonte do amor, é o alimento da alma, é o elo de ligação com a eternidade. [...] Na sua dialética existencial Dostoievski transpõe ao tempo, volta ao passado e leva-nos ao ponto mais alto do monte onde o espírito das trevas propunha ao Cristo a transformação das pedras em pães. (este aspecto está mto presente no capítulo de O grande Inquisidor de IK). É a luta entre o demônio e o ideal de beleza que o Cristo levava em Si mesmo e Seu Verbo." (Hamilton Nogueira) A beleza na figura do Idiota: "Ela permanece misteriosa, ela vibra em outro som, um som que parece vir como antes do pecado, ou talvez mais justamente um som da eternidade apocalíptica, que cant

Faces, no blog O Hermeneuta

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Denúncia do blog Cidadania

No blog Cidadania, de Eduardo Guimarães, do Movimento dos sem Mídia, ontem: "Denúncia: Fonte que tenho dentro do jornal Folha de São Paulo acaba de me informar de que está sendo preparada pesquisa forjada mostrando queda da popularidade de Lula e de Dilma."

Sobre Collor

Do site da Carta Capital: Não é que o episódio vá abrilhantar o currículo do presidente Lula. Longe disso. Mas cabe uma pergunta aos jornais, revistas e emissoras de tevê que trataram como escandalosa a confraternização do petista com o neoaliado Fernando Collor de Melo: quem foi mesmo que, em 1989, se valeu de todo e qualquer expediente, inclusive o da edição farsesca de um debate televisivo, para eleger o “Caçador de Marajás” contra o “Sapo Barbudo”?

Carta ao Vice-Presidente José Alencar

E-mail que enviei há pouco ao Vice-Pesidente da República, um homem extraordinário: Aracaju, 24 de julho de 2009. "Pela fé, a nada renuncio; pelo contrário, tudo recebo, e, o que é mais notável, no sentido atribuído àquele que possui tanta fé como um grão de mostarda, porque então poderá transportar montanhas. É necessária uma coragem puramente humana para renunciar a toda a temporalidade a fim de ganhar a eternidade; mas pelo menos conquisto-a e não posso, uma vez na eternidade, renunciar a ela sem contradição." (Kierkegaard, Søren Aabye, Temor e Tremor ) Excelentíssimo Senhor Vice-Presidente da República Federativa do Brasil JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, Acabei de assistir ao enésimo vídeo na internet sobre Vossa Excelência, na cruzada pessoal pela vida. A honrada luta de Vossa Excelência é um exemplo sem precedentes para todos os brasileiros, de todos os rincões, de todas as classes sociais, de todos os credos, de todas as cores. A luta, todavia, não é mais solitária. Todos

Coração Vagabundo

Le Figaro e a guerra mídia x Lula

Por Pablo Simpson Caro Nassif, Saiu um texto sobre Lula no Figaro, jornal mais da direita francesa. Nele, o diagnóstico sobre nossa imprensa (os conflitos com o governo, a perda de credibilidade e de tiragem, etc) embora curto, é preciso. Envio-o em tradução que fiz rápido. A fonte está aqui: clique aqui. Lula, novo editorialista dos jornais brasileiros, Lamia Oualalou - Figaro 20/07/2009 Os rumores mais disparatados correm sobre o futuro de Luiz Ignácio Lula da Silva. O presidente brasileiro, que goza de uma popularidade de mais de 80% em seu país, não pode se reapresentar às eleições em outubro de 2010. No Brasil, os eleitos não permanecem no posto mais de dois mandatos consecutivos. Diplomatas asseguram que ele estará à frente do Banco Mundial, tornando-se o primeiro não-americano a ocupar o posto. Outros já resolveram: ele será o próximo secretário geral da Organização das Nações Unidas, uma vez que não é certo que o coreano Ban Ki-moon se reengaje num segundo mandato . Enquanto is

Zii e zie

O show de Caetano , hoje à noite em Aracaju, foi excelente. O bom baiano está cada vez mais afinado com sua riquíssima musicalidade. A estética do espetáculo foi mágica mesmo! Canhões de cenas e imagens ilustravam cada canção! Por fim, no final do show, consegui chegar até o cara. Um bom abraço e promessa de enviar-lhe poemas, por meio do Pedro (de quem consegui o número do celular) ou do blog Obra em Progresso. Parabéns, Espaço Emes! Obs.: todas as letras e áudios das novas canções estão à disposição no site de Caetano .

Enquanto isso, no blog Obra em Progresso...

C - Como você compararia o trabalho no “Cê” com o trabalho no “zii e zie”? R - Em Zii e Zie nós fomos musicalmente um pouco mais ambiciosos que no Cê. O transamba foi levado ao extremo. Cê é o retrato de quando inventamos um jeito de fazer os arranjos baseados nas idéias individuais frente a composição minimalista da banda. Zii e Zie se utiliza desse método, que continuou se desenvolvendo nos shows e aplica mais claramente ao samba. Em Cê não havia um objetivo estilístico tão definido. Zii e Zie é um disco de samba na medida em que o reinterpreta. Está vivo. É disco de rock pois pega emprestado das bandas de rock um pouco da maneira com que seus integrantes interagem. Assim como o Cê, é um pouco erudito quando se vê que há um forte contraponto entre frases rítmicas e melódicas bem definidas.

A Base de Guantánamo

Caetano Veloso o fato de os americanos desrespeitarem os direitos humanos em solo cubano é por demais forte simbolicamente para eu não me abalar a base de Guantánamo a base da Baía de Guantánamo a base de Guantánamo Guantánamo

Quase hais

Os quase hais que não foram gestados neste blog estão sendo inventados no "meu Twitter".

Profusão de versos leminskianos

Abrindo um antigo caderno foi que eu descobri: Antigamente eu era eterno. * Tarde de vento. Até as árvores querem vir para dentro. * SE se nem for terra se trans for mar * A noite me pinga uma estrela no olho e passa. * INCENSO FOSSE MÚSICA isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além * nunca cometo o mesmo erro duas vezes já cometo duas três quatro cinco seis até esse erro aprender que só o erro tem vez * AMOR BASTANTE quando eu vi você tive uma idéia brilhante foi como se eu olhasse de dentro de um diamante e meu olho ganhasse mil faces num só instante basta um instante e você tem amor bastante um bom poema leva anos cinco jogando bola, mais cinco estudando sânscrito, seis carregando pedra, nove namorando a vizinha, sete levando porrada, quatro andando sozinho, três mudando de cidade, dez trocando de assunto, uma eternidade, eu e você, caminhando junto * PARADA CARDÍACA Essa minha secura essa falta de sentimento não tem ninguém que segure, vem de dentro

Leituras para o Verão

By José Saramago Com os primeiros calores, já se sabe, é fatal como o destino, jornais e revistas, e uma vez por outra alguma televisão de gostos excêntricos, vêm perguntar ao autor destas linhas que livros recomendaria ele para ler no Verão. Tenho-me furtado sempre a responder, porquanto considero a leitura actividade suficientemente importante para dever ocupar-nos durante todo o ano, este em que estamos e todos os que vierem. Um dia, perante a insistência de um jornalista teimoso que não me largava a porta, resolvi ladear a questão de uma vez por todas, definindo o que então chamei a minha "família de espírito", na qual, escusado será dizer, faria figura de último dos primos. Não foi uma simples lista de nomes, cada um deles levava a sua pequena justificação para que melhor se entendesse a escolha dos parentes. Incluí nos Cadernos de Lanzarote a imagem final da "árvore genealógica" que me tinha atrevido a esboçar e repito-a aqui para ilustração dos curiosos. Em

Pausa

Darei uma pausa nas postagens. Retorno depois do dia 12 de julho. Boa leitura a todos. Uma sugestão? Flaubert. Leiam ele todo, começando por Madame Bovary (1857). Tanto pela interessante história, quanto (mais ainda, e principalmente) pela técnica narrativa deste gênio do romance moderno.

Não mais vislumbrar

Querer-te, apenas. Talvez isso me bastasse, se soubesse que, te tendo, poderia não mais vislumbrar o mistério de tua ausência em mim!

Hálito

Teu felino sorriso. O frescor de tua pele. Teus dentes alvos na cana. O hálito. Os cabelos como os de Giberte, em Swann. Você, mulher, já.

Escritora do mês: Nélida Piñon

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Filha de Lino Piñon Muiños e Olivia Carmen Cuiñas Piñon, espanhóis de origem galega. Seu nome é um anagrama do nome do avô, Daniel. Formou-se em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e foi editora e membro do conselho editorial de várias revistas no Brasil e exterior. Também ocupou cargos no conselho consultivo de diversas entidades culturais em sua cidade natal. Estreou na literatura com o romance Guia-mapa de Gabriel Arcanjo, publicado em 1961, que tem como temas o pecado, o perdão e a relação dos mortais com Deus. Nélida Piñon é, também, académica correspondente da Academia das Ciências de Lisboa. Bibliografia e prêmios Sua obra já foi traduzida em inúmeros países, tendo recebido vários prêmios ao longo de mais de 35 anos de atividade literária. O mais recente foi o Prêmio Príncipe de Asturias das Letras de 2005, conferido na cidade espanhola de Oviedo. Concorreram a este prêmio escritores de fama mundial, como os norte-americanos Paul Auster e Philip Ro